Nioaque

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A cidade das Vogais

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

RELATO DA SEMANA (GESTAR II)

No início da semana de apresentação do Programa Gestar II confesso que achei bem complicado todo aquele assunto sobre as TPs e tudo mais. Logo pude perceber que é possível sim desenvolver um projeto interessante com os cursistas em prol de uma educaçãode mais qualidade.
Já na apresentação do programa e nas trocas de experiências já vividas por alguns dos colegas pude perceber que a qualidade na educação é igual para todos independente de onde moramos. O que é preciso fazer é mudar nossa visão estereotipada que desde o início da nossa formação como indivíduos de escola esta enraizada dentro de nós.
Pude analisar a série de gêneros textuais que tenho acesso e nem me dava conta de como poderia ser trabalhado em sala de aula. O meu maior defeito é ser perfeccionista. Gosto sempre de tudo muito bem feito, não deixo meus alunos fazerem um carataz por exemplo sem antes ou depois eu ir até lá e fazer as modificações para que fique melhor. Passei por essa experência após o curos do Gestar II na semana seuinte que retornei para sala de aula. Como já disse por i-mail as aulas aqui em Nioaque começaram em março e o término foi no dia 17/12/10.
Aconteceu que  no nosso livro didático (6º Ano) havia uma sugestão de produção de texto sobre os efeitos nocivos do sol durante o verão. Pois bem, eu parei, pensei um pouco e conversei com a turma sobre as vantagens e desvantagens que o sol proporciona. Imediatamente eles começaram a falara sobre a Dengue e veja bem, um assunto puxou outro e eu propus que fizéssemos então em grupo (eles são 11 alunos na turma) um cartaz ilustrativo sobre a Dengue para colocar em exposição na escola. Nossa como eu me surpreendi com a turma, pois eles são os "piores alunos" da escola em questão de indisciplina. Ninguém gosta de ir dar aula no 6º Ano, porém neste dia eles se sentiram utéis. Um buscou o papel manilha na secretaria, o outro pegou sulfite, cola, tesoura e cada um deles escreveu uma frase e fez um desenho ilustrando a mensagem sobre os perigos da proliferação do mosquito da Dengue. Eles ficaram quietos de dar medo e muito felizes na hora de expor o trabalho na escola. Cuidaram tanto do cartaz que na hora do recreio ninguém podia por a mão, pois era apenas para ler e entender a mensagem. Passados uns dois dias veio um aluno e falou : "Professora rasgaram um pedaço do nosso cartaz, aposto que foram as crianças do 1º Ano aqueles invejosos. Esse foi o primeiro e o único cartaz que fizemos durante o ano e os alunos ainda estragam". Confesso que levei um choque e pude perceber o quanto é importante o aluno fazer parte do meio, pois o cuidado que eles tiveram com aquele simples cartaz me emocionou muito e já sinto que dentro de mim alguma coisa mudou a partir do olhar diferente que estou tendo com os gêneros textuais na vida de meus alunos. Espero poder levar a mensagem principal do Gestar II aos meus cursistas para que eles também possam fazer a diferença.

EU E O MEU PROCESSO DE LEITURA

Meu primeiro contato com o mundo da leitura se deu nas séries iniciais quando uma professora, álias a professora que ficou guardada na minha memória nos estimulou a fazer leituras de clássicos, fábulas, pequenos contos, enfim tudo que estivesse ligado ao universo das palavras e onde a imaginação pudesse chegar.
A querida professora Matilde Leite, hoje já tem quase 80 anos e é uma pessoa que gosto muito e sempre que a encontro me lembro de como eram boas suas aulas de Língua Portuguesa. Ela era muito exigente, porém ensinou-me a ter disciplina e valores que até hoje me lembro com atenção.
Lembro-me de um um texto "A casa de Mazalu" que contava a história de um sapo que tinha vergonha de dizer aos seus amigos que morava no fundo de uma lagoa. Lembro-me que nós na 4ª série (hoje 5º Ano) refletíamos muito na atitude dele e nos colocávamos no lugar da personagem, principalmente eu que morava num lugar que todos os anos tinha enchentes. Nossa era uma texto lindo que tinha uma mensagem maravailhosa. Até hoje me emociono quando me lembro dele.
Outros contatos com a leitura que me influenciaram a ser professora de Língua Portuguesa foram as obras de Monteiro Lobato. Nunca me esqueço que na época da escola cada um tinha que ler pelo menos um livro durante o ano e contar para a turma sobre o que era o assunto do mesmo. Eu sempre gostei muito de ler e escrever poesias. Li praticamente todos os livros de Lobato que havia na biblioteca da escola. Nas férias emprestava livros na biblioteca municipal ou pegava um livro emprestado para devolver assim que começassem as aulas. Um livro que marcou muito a minha infância foi "Emília no país da gramática", pois em uma parte do livro existe o cemitério das letras. Neste lugar se encontram todas as letrinhas que supostamente  escrevemos errado e apagamos. É muito divertido ver a bonca de pano conversando e sentindo dó das pobres letras que ficaram ali isoladas das outras por ter alguns problemas e até hoje quando uso a borracha num texto ou escrevo algo errado e preciso apagar me lembro da história do livro e imagino que essas palavras vão para aquele lugar.
Hoje no meu processo pedagógico procuro influenciar meu alunos a desenvolverem o gosto pela leitura. Sempre estimulo os alunos  começando a contar parte da história de um livro e deixando-os curiosos para saber o final da história. No projeto "Grande Leitores" desenvolvido na escola municipal Edson Borck Rocha onde trabalho sempre procuro fazer algo voltado sobre as personagens de Monteiro Lobato. Fazemos apresentações culturais e os alunos se identificam muito com o universo do Sítio do Pica pau Amarelo uma vez que os mesmos moram no campo.
Amo ler e acredito que só é possível mudar e melhorar a educação a partir da leitura. E como já dizia Lobato: "Um país se faz com homens e livros".